
Steiner estudou quasares, núcleos ativos de galáxias, e variáveis cataclísmicas. Ele teve um papel essencial no desenvolvimento de instalações internacionais de pesquisa astronômica, tais como: o Southern Astronomical Research Telescope (SOAR), o Observatório Gemini, e, recentemente, o Telescópio Gigante Magalhães (GMT).
Por: Sofia Kirhakos e Francisco J. Jablonski — American Astronomical Society
Publicado em: 13/08/2021
Tradução: Amanda Kassis
João Steiner, astrônomo brasileiro que dedicou a vida para desenvolver e promover a Ciência e a Educação, faleceu em 10 de setembro de 2020, aos 70 anos.
João Evangelista Steiner nasceu em São Martinho, uma pequena cidade no interior de Santa Catarina, em 1º de março de 1950. Criado por uma família de fazendeiros, ele tinha uma mente curiosa e questionadora, e a sua paixão pela Natureza e as Ciências Naturais o levou a estudar Física na Universidade do Estado de São Paulo (USP), no Brasil.
Ao acreditar que o Universo era o melhor laboratório para estudar a Física, ele continuou os estudos na USP, completou o Mestrado em Astronomia (1975) e, em 1979, o seu Doutorado em Astronomia. Steiner conduziu a sua pesquisa de pós-doutorado no Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics (CfA), nos EUA.
Ele foi professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, onde conduziu importantes pesquisas sobre quasares, núcleos ativos de galáxias, e variáveis cataclísmicas. Steiner deixou um legado de dezenas de jovens cientistas que ele inspirou, guiou e supervisionou.
Também ocupou papéis de liderança em diversas organizações científicas no Brasil. Foi diretor do Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA), secretário de Coordenação das Unidades de Pesquisa do Ministério de Ciência e Tecnologia, diretor do Instituto de Estudos Avançados (IEA-USP), presidente da Sociedade Brasileira de Astronomia (SAB), e diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Steiner foi membro do conselho administrativo do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNEPEM), membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC), e membro honorário da American Astronomical Society (AAS). Em 2001, ele foi reconhecido pela Ordem do Rio Branco, em grau comendador, pelo Ministério de Relações Exteriores e, em 2010, recebeu a honraria da Ordem Nacional do Mérito Científico.
Ao longo da sua carreira, ele criou parcerias internacionais fundamentais para a comunidade astronômica nacional e internacional, incluindo o Southern Astronomical Research Telescope (SOAR), o Observatório Gemini e, recentemente, o Telescópio Gigante Magalhães (GMT). Com um olhar visionário, Steiner entendeu a importância de investir no futuro da Astronomia. E teve um papel vital em garantir a participação brasileira no GMT, a partir da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Antes do seu falecimento, ele era o coordenador do projeto GMT FAPESP.
Dois dos seus últimos projetos foram engajados na educação e divulgação científica. Reconhecendo a importância do papel dos professores para promover a Ciência, Steiner liderou um programa para treinar professores de Ciências das escolas por todo o Brasil. Além disso, tinha um programa semanal na Rádio USP, chamado “Entender Estrelas”, que alcançava os amantes brasileiros da Astronomia.
O seu falecimento foi recorrente de um infarto durante uma caminhada matinal em São Martinho, na fazenda que amava, rodeada por belas montanhas e um rio com água cristalina. João Steiner deixa para trás a sua querida esposa Eliana, após 45 anos de união, os seus filhos Renato, Ronaldo e Eduardo, as suas noras, Cosima e Natália, e dois netos, Johanna e Bernardo, que eram a alegria da sua vida.
A sua ausência é sentida por sua família, seus amigos e todos aqueles que, de alguma forma, tiveram as suas vidas tocadas por ele. A sua energia, determinação e entusiasmo eram contagiantes. Realmente, Steiner era uma força da Natureza, e o nosso mundo está mais vazio sem ele.
Créditos: https://baas.aas.org/pub/2021i0327/release/1