Começa a fabricação da estrutura do telescópio GMT

13/09/2024

Em 28 de agosto, a Giant Magellan Telescope Organization (GMTO) e a empresa de engenharia Ingersoll Machine Tools Inc. anunciaram o início da fabricação da montagem (mount, em inglês) do telescópio GMT, considerada a maior estrutura deste tipo já produzida nos Estados Unidos. A estrutura móvel, de elevada precisão, possui 39 metros de altura e foi desenvolvida em parceria com a OHB Digital Connect, na Alemanha.

A montagem é a estrutura que tem a funcionalidade de prover os movimentos e a estabilidade do telescópio, permitindo direcioná-lo para observar o céu noturno. No caso do GMT, ela é do tipo altazimutal, movimentando-se em dois eixos: altitude [vertical] e azimute [horizontal] – de acordo com as coordenadas escolhidas.

Com um peso estimado em 2.100 toneladas, a estrutura foi pensada para suportar os sete dos maiores espelhos monolíticos do mundo, cada um com 8,4 m de diâmetro, e os sete segmentos do espelho secundário, com 1,1 m de diâmetro cada. Além disso, sustentará os instrumentos científicos do GMT e o sistema de Óptica Adaptativa para corrigir as distorções da atmosfera terrestre. Apesar de sua grandiosidade, o sistema de suporte é ágil, deslizando sem atrito sobre uma película de óleo de apenas 0,05 milímetros de espessura, resistindo às interrupções na qualidade da imagem e permitindo que rastreie objetos astronômicos localizados a bilhões de anos-luz de distância. A estrutura de aço será fixada sobre um píer de concreto com 22 metros de diâmetro, que deve proteger o telescópio durante eventos sísmicos no Deserto do Atacama, no Chile.

Em 2022, a Ingersoll concluiu a expansão de sua instalação, ampliando 3.700 metros quadrados, e equipando-a com a maior e mais nova infraestrutura dos EUA para a construção da montagem. Após a fabricação, essa estrutura passará por testes de desempenho antes de viajar por quase 10 mil quilômetros até o local onde o GMT está localizado para a remontagem.

Produzir uma estrutura com tal precisão envolve uma equipe composta por engenheiros, designers e profissionais de manufatura altamente qualificados. Por isso, membros do consórcio GMTO, líderes da indústria e políticos se reuniram em Rockford, nos EUA, para visitar as novas instalações da empresa Ingersoll, onde a fabricação será realizada ao longo dos próximos seis anos, e celebrar o avanço no projeto.

"Nosso design econômico nos permite construir o telescópio de forma mais rápida, barata e com menos risco, ao mesmo tempo em que alcançamos uma gama de novas capacidades científicas", diz Robert Shelton, presidente do consórcio GMTO. "A experiência global da empresa Ingersoll na fabricação de grandes estruturas de precisão tem sido fundamental em nossa jornada para o GMT se tornar um dos telescópios terrestres mais poderosos do mundo”, finaliza.

O telescópio GMT

O Giant Magellan Telescope (Telescópio Gigante Magalhães - GMT) será 200 vezes mais potente do que os melhores telescópios da atualidade. Isso é devido não apenas aos sete segmentos primários, totalizando um espelho de 25,4 metros, mas à eficiência de seu design óptico e dos instrumentos científicos avançados. O design inovador é seu diferencial entre os novos megatelescópios, possuindo a capacidade de oferecer a melhor combinação entre qualidade de imagem, campo de visão e sensibilidade à luz.

O avanço na fabricação da estrutura marca um grande avanço para o Telescópio Gigante Magalhães, que já está 40% construído e deve entrar em operação, utilizando quatro dos sete espelhos, no início da década de 2030. A expectativa é que funcione por no mínimo 50 anos.

O Brasil no GMT

Desde 2014, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) é membro-fundadora do consórcio GMTO, a partir de um investimento de 50 milhões de dólares, o que equivale a 4% do tempo de operação anual do telescópio para cientistas do estado de São Paulo.

A equipe brasileira possui mais de 70 profissionais de diversas áreas, incluindo professores, consultores, técnicos e bolsistas, de diversas instituições principalmente paulistas, sendo que, parte desse grupo, forma o escritório GMT Brazil Office (GMTBrO), atualmente liderado pelo Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG/USP). Eles estão diretamente envolvidos no design e nos projetos de engenharia de diversos instrumentos astronômicos que serão utilizados no telescópio.

Além da participação em projetos de instrumentação, o Grupo GMTBrO e seus parceiros possuem iniciativas educacionais e de divulgação científica para atrair uma nova geração de jovens entusiastas para a Astronomia, divulgar os investimentos da FAPESP na área e, também, compartilhar conhecimento científico e tecnológicos para a sociedade brasileira em geral. Se quiser saber mais sobre o GMTBrO, clique aqui.