Projeto GMT é um dos destaques do Astro2020

09/11/2021

O Astro2020, um relatório que apresenta as prioridades científicas estratégicas e investimentos para os próximos dez anos da astronomia estadunidense, elegeu o Programa de Telescópios Extremamente Grandes como missão fundamental para avançar a compreensão sobre o Universo.

PASADENA, Califórnia — O Telescópio Gigante Magalhães (GMT) foi um dos principais projetos destacados no relatório decenal elaborado pelas Academias Nacionais de Ciências, Engenharia e Medicina (NASEM) dos Estados Unidos, em conjunto com a NASA, a Fundação Nacional da Ciência (NSF) e o Departamento de Energia (DOE), ambos dos EUA.

Os relatórios da NASEM orientam as prioridades para importantes investimentos do governo federal estadunidense em pesquisas na área de Astronomia durante a próxima década. O relatório Astro2020, que recebeu o título “Caminhos para Descobertas em Astronomia e Astrofísica para a década de 2020”, indicou o Programa de Telescópios Extremamente Grandes dos EUA (U S-ELTP) como a principal iniciativa em Astronomia e Astrofísica não-espacial para o período. O programa é integrado pelo GMT, pelo Telescópio de Trinta Metros (TMT) e pelo centro de pesquisas federal estadunidense NOIRLab.

Ainda, o Astro2020 recomenda apoio federal dos EUA para a conclusão do telescópio GMT e destaca que a construção de um telescópio dessa categoria é “absolutamente essencial para que os Estados Unidos mantenham uma posição como líder em Astronomia terrestre."

"Estamos incrivelmente honrados por sermos classificados como prioridade máxima no Astro2020 e somos gratos aos muitos cientistas que se engajaram neste processo", diz Robert Shelton, presidente do Telescópio Gigante Magalhães. "Esse endosso solidifica o esforço científico do qual nosso consórcio fundador, formado por universidades internacionais e instituições de pesquisa, foi pioneiro anos atrás. Afinal, projetamos o GMT para descobrir o desconhecido, e suas descobertas inimagináveis podem mudar a humanidade para sempre."

O Telescópio Gigante Magalhães foi avaliado pelo Astro2020 como o parceiro central do US-ELTP. O objetivo do programa é que o NOIRLab forneça aos astrônomos norte-americanos acesso total ao GMT, no hemisfério sul, e ao TMT no hemisfério norte. O US-ELTP foi considerado um programa visionário que permitirá pesquisas colaborativas, inclusivas e transformadoras em quase todas as áreas da Astrofísica — desde a compreensão da natureza fundamental do Universo até a busca de vida em exoplanetas distantes. A declaração oficial do EUA-ELTP, em resposta ao Astro2020, pode ser lida aqui.

"Estamos orgulhosos de fazer parte do Programa de Telescópios Extremamente Grandes dos EUA e da sua visão ousada de fornecer acesso total à comunidade científica”, afirma Walter Massey, presidente do Conselho do Telescópio Gigante Magalhães e ex-diretor da NSF. "Um sincero parabéns tanto ao Telescópio de Trinta Metros, quanto ao NOIRLab. Este é o resultado de muitos anos de trabalho árduo. É um ótimo momento para apoiar e participar do nosso projeto inspirador e ajudar a garantir acesso a esses incríveis telescópios ao longo das próximas décadas".

A construção do GMT está a todo vapor em Las Campanas, no sul do Deserto do Atacama, no Chile, um dos melhores locais da Terra para explorar os céus. A respeito do andamento do projeto, foi concluída a escavação de rochas para a fundação e infraestrutura de suporte do telescópio, seis dos sete espelhos primários estão em processo de produção ou completos, a fabricação do seu primeiro espelho secundário adaptativo já foi iniciada, e foi garantida uma doação da NSF para acelerar os testes e protótipos de algumas das mais poderosas tecnologias ópticas e infravermelhas já projetadas.

O Astro2020 destaca algumas das características do GMT: a área coletora de 368 metros quadrados, o campo de visão incomparável de 25 minutos de arco, o avançado sistema de óptica adaptativa, além da espectroscopia de alta resolução e a capacidade de produção imagens limitadas por difração. Também, o relatório enfatiza que "as capacidades do telescópio permitem abordar quase todas as questões científicas importantes estabelecidas pelo plano Astro2020, considerando todos os três temas-chave deste projeto".

Essas prioridades científicas inspiradoras incluem buscas por mundos potencialmente habitáveis, novas descobertas sobre o Universo Dinâmico e o crescimento das galáxias. Ainda, o US-ELTP "fornece capacidades observacionais incomparáveis no espaço ou no solo e abre caminho para novas observações e descobertas ainda não antecipadas".

O consórcio internacional GMTO está profundamente satisfeito com o enorme apoio global recebido das comunidades científicas e filantrópicas. Além disso, o consórcio também gostaria de reconhecer as equipes do next-generation VLA (ngVLA) e do Cosmic Microwave Background Stage 4 (CMB-S4) por seu importante endosso no Astro2020. Juntas, essas recomendações ajudarão a construir oportunidades incríveis na Astronomia e contribuirão para descobertas científicas significativas, a partir da década de 2030.

A participação brasileira

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) é a representante brasileira no projeto e membro-fundadora do GMT. Com um investimento de 40 milhões de dólares, firmado em 2014, a fundação garantiu aproximadamente 4% do tempo de observação do telescópio para cientistas do estado. O projeto é coordenado por Laerte Sodré Junior, docente do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP).

O escritório brasileiro está envolvido no desenvolvimento do revolucionário sistema de óptica adaptativa do telescópio e da construção dos seguintes instrumentos científicos: a Commissioning Camera (COMCAM), o espectrógrafo Echelle G-CLEF, o espectrógrafo GMACS, e o sistema de implementação de fibras ópticas Manifest. “O endosso do Astro2020 abre uma nova etapa no desenvolvimento do projeto GMT. Estamos envolvidos no desenvolvimento de vários equipamentos com tecnologias inovadoras para esse telescópio. Ele será uma excelente oportunidade para as novas gerações de pesquisadores do Brasil e de outros países, e tem o potencial de produzir novas revoluções científicas com descobertas ainda não antecipadas”, afirma Sodré. “Estamos orgulhosos de participar deste projeto e acreditamos que ele contribuirá para melhorar nossa capacitação tecnológica. Também nos permitirá participar de forma efetiva de grandes descobertas astronômicas”, completa.

“Agora, estamos em uma situação muito melhor do que antes do anúncio da semana passada, uma vez que esta priorização do projeto dá ao GMT a oportunidade de solicitar, com altas chances de sucesso, um grande financiamento do NSF para completar a construção do telescópio.”, analisa a astrofísica Claudia Mendes de Oliveira, também docente do IAG-USP, co-coordenadora do escritório Brasileiro do GMT e membro do Conselho de Diretores do consórcio GMT. “Esta notícia foi muito esperada e achamos que isto será um divisor de águas, uma vez que, de agora em diante, a finalização do telescópio é um alvo certo para o início da próxima década.”

O Telescópio Gigante Magalhães é resultado de um consórcio internacional formado por 13 universidades e instituições de pesquisa, que representam cinco países. A primeira luz do GMT está programada para 2029. Para saber mais, acesse: gmto.org. E clique aqui para acessar o site do escritório brasileiro do projeto.